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Atualmente, no Brasil, cerca de 49,1% das mulheres têm uma ocupação formal, segundo dados das Organizações das Nações Unidas (ONU) contra 68,2% dos homens. A diferença ainda é grande, mas essa distribuição já foi bem pior.
A evolução das mulheres no mercado de trabalho passou por altos e baixos desde os primórdios da Revolução Industrial até o século XXI. Apesar dos avanços, as mulheres ainda enfrentam no mercado de trabalho questões relacionadas ao sexismo, à vulnerabilidade social e problemas de equiparação salarial.
Neste texto, exploraremos como podemos transformar essa realidade e a importância de promover a equiparação de oportunidades entre homens e mulheres. Continue acompanhando!
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Histórico da participação feminina no mercado de trabalho
Abaixo traçamos o contexto histórico das lutas femininas ao longo dos anos, desde a Revolução Agrícola até a Quarta Revolução Industrial.
Revolução Agrícola
Durante a maior parte da história documentada, a agricultura foi a principal ocupação humana e o trabalho físico pesado não se limitava aos homens.
As mulheres realizavam tarefas fisicamente exigentes e papéis essenciais, como moer grãos manualmente com pedras, carregar água e recolher madeira. Elas acumulavam responsabilidades tanto no ambiente doméstico quanto além dele.
Primeira Revolução Industrial
A Primeira Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra na década de 1760, mudou significativamente os papéis sociais de homens, mulheres e crianças.
Com o advento das fábricas, o trabalho artesanal passou a ser realizado em ambientes coletivos, onde homens, mulheres e crianças eram separados de acordo com suas habilidades e força física.
Mulheres e crianças eram frequentemente contratadas para trabalhos leves, como costura e tecelagem, enquanto homens eram responsáveis por tarefas mais pesadas, como a fabricação de máquinas.
Essa nova divisão do trabalho reforçou os estereótipos de gênero, que associavam mulheres à fragilidade e ao cuidado, e homens à força e à produtividade.
Além disso, a Revolução Industrial contribuiu para a emancipação feminina, pois permitiu que um grande número de mulheres passassem a trabalhar fora de casa e ganhar seu próprio sustento. No entanto, as mulheres ainda eram frequentemente submetidas a condições de trabalho precárias e discriminatórias.
Como veremos mais adiante, a luta delas levou muitos países a exigir regras para um ambiente de trabalho mais saudável para elas. Resultado: as empresas passaram a achar a mão de obra feminina mais cara e passaram a demiti-las e contratar homens para exercer a função delas.
Primeira e Segunda Guerra Mundial
Entre 1914 e 1945, duas Guerras Mundiais devastadoras desempenharam um papel crucial em empoderar as mulheres a reassumir seus espaços no mercado de trabalho de forma crucial e expressiva.
Elas foram encorajadas a aceitar empregos de manufatura, em especial de armamento, para substituir os homens que estavam no serviço militar e, ainda, a aceitar funções, muitas vezes voluntárias, para atuarem como enfermeiras nos fronts de batalha.
Passados os confrontos das guerras, houve desenvolvimentos sociais e econômicos que mudaram a natureza da mão de obra feminina. Entre essas transformações, destaca-se o crescimento da educação pública, que ampliou a demanda por mais professores, como também, ocorreu um aumento das indústrias e do comércio.
Terceira Revolução Industrial
Na década de 1970, o início da Terceira Revolução Industrial e o desenvolvimento das tecnologias digitais abriram novas oportunidades para as mulheres no mercado de trabalho.
As faculdades começaram a abrir suas portas para elas, permitindo que elas tivessem acesso à educação e ingressassem em profissões que, anteriormente, eram predominantemente masculinas. Mas um novo desafio se aproximava delas: a luta pela equidade salarial de gêneros, como veremos mais adiante.
Quarta Revolução Industrial
A sociedade passa agora pela chamada Quarta Revolução Industrial, também conhecida como Segunda Era da Máquina ou Indústria 4.0. Estamos combinando campos físicos, digitais e biológicos para criar mudanças exponenciais em taxa e escala só vistas, até então, na ficção científica.
Neste cenário, os papéis de gênero específicos têm um grande potencial transformador. A Quarta Revolução Industrial está, portanto, pronta para reverter estereótipos de gênero, colocando a ênfase no talento humano com tarefas cognitivas e criativas. Essa revolução promove a colaboração entre humanos e máquinas, sem que essa atuação seja segregada ou limitada por questões de gênero.
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Como estão as condições de trabalho atuais das mulheres no mercado de trabalho?
Vejamos a seguir algumas barreiras para a equidade de gênero nas atividades laborais.
Lacuna salarial
A diferença salarial entre homens e mulheres é uma das principais barreiras na luta pela igualdade de gênero no mercado de trabalho. Em muitas organizações pelo mundo, mulheres que fazem o mesmo trabalho de um homem ganham menos que eles.
Essa desigualdade de gênero foi confirmada por um estudo conduzido nos EUA. Veja abaixo os resultados:
- as mulheres ganham cerca de 82 centavos para cada dólar que um homem ganha;
- para mulheres negras, é cerca de 65 centavos;
- para mulheres latinas, custa cerca de 60 centavos.
Essas disparidades aumentam quando comparamos os salários das mulheres negras com os salários dos homens brancos.
Segundo o estudo, esses números basicamente não mudaram em 20 anos. Isso é particularmente estranho considerando que atualmente mais mulheres estão concluindo o ensino superior do que os homens.
Segundo o Relatório Global de Desigualdade de Gênero 2023, publicado pelo Fórum Mundial Econômico, levará cerca de 131 anos para igualar as desigualdades no mercado de trabalho entre homens e mulheres.
Assédio sexual
Segundo dados da Justiça do Trabalho no Brasil, mais três mil casos relativos a assédio sexual foram ajuizados em todo o país apenas de 2021 — de acordo com o último levantamento da corte trabalhista brasileira.
O que revela que o assédio sexual ainda é realidade no mercado de trabalho e uma barreira para o avanço da equidade de gênero. Mas recentemente as mulheres resolveram quebraro silêncio que rondava o tema.
Um desses movimentos, que ficou muito famoso, é o Me Too, “Eu Também” na tradução literal para o português. A mobilização, que ganhou exponencialidade nas redes sociais, luta contra assédio e agressão sexual.
Um episódio famoso dessa luta foi descrito em 2016. À época, funcionárias, a maioria jornalistas e apresentadoras, denunciaram o ambiente tóxico da emissora de TV norte-americana Fox News.
A cultura da empresa as induzia a não usarem calças, e muitas foram importunadas sexualmente pelo poderoso executivo da emissora, Roger Ailes, como forma de chantagem para alçar novos voos na carreira. O caso ganhou as telas de cinema com o filme “O Escândalo”.
Maternidade
Para muitas mulheres, a carreira e a maternidade são caminhos que não se cruzam, como destacamos no nosso artigo Mães no mercado de trabalho. Por que elas têm esse sentimento?
Na verdade, essa angústia de maternidade versus mercado de trabalho é baseada em dados. A pesquisa “Licença-maternidade e suas consequências no mercado de trabalho do Brasil”, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostrou que quase metade das mulheres entrevistadas (48%) perderam seus empregos após a maternidade.
Portanto, ainda é um desafio para as empresas estabelecerem condições de acolhimento e segurança trabalhista para as mães após a licença maternidade.
Legislação e políticas para a igualdade de gênero no trabalho
Alcançar a igualdade de gênero e empoderar mulheres e meninas é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS 5) da ONU — uma espécie de pauta global para a construção de políticas públicas e privadas que visam tornar os processos mais sustentáveis tanto do ponto de vista social como ambiental.
E algumas empresas já vem lançando publicamente políticas para igualdade de gênero no trabalho que estão consoantes com essa ODS citada, tais como:
- vagas afirmativas para mães ou mulheres negras;
- igualdade de oportunidades de promoção entre homens e mulheres;
- incentivo ao empoderamento feminino;
- flexibilidade no horário de trabalho, que é especialmente importante para as mulheres mães.
No entanto, o ritmo de empresas que estão abraçando a causa no âmbito global ainda é lento. Nesse sentido, no Brasil, o Congresso Nacional sancionou a lei 14.611/2023 que versa sobre a obrigatoriedade de critérios remuneratórios entre homens e mulheres para igualdade de gênero na mesma função. E o que traz de novo essa regra?
Se analisarmos ao pé da letra, já existiam no arcabouço de leis trabalhistas documentos que exigiam essa equiparação, mas a nova lei foi além disso.
Ela abrangeu aspectos que muitas vezes são as verdadeiras barreiras para a igualdade salarial, tais como oportunidades distintas de saltos nas carreiras e estruturas sociais que criam obstáculos para as mulheres, como o preconceito com mulheres mães.
Segundo a lei 14.611/2023, para evitar essa desigualdade de oportunidades entre homens e mulheres, as organizações deverão criar planos de ação para mitigar essa lacuna de gênero, sinalizando neles prazos e metas para a equiparação de condições entre os dois gêneros.
Empoderamento e liderança feminina: encontrando soluções para elas terem mais voz
Encontrar soluções para garantir que as mulheres tenham mais voz e ocupem posições de destaque é uma jornada rumo a um mundo mais justo e igualitário.
Alcançar o empoderamento das mulheres exige esforços coletivos dos governos, da sociedade civil e do setor privado para abordar as barreiras estruturais e sistêmicas que impedem as mulheres de realizarem todo o seu potencial
Abaixo, apresentamos algumas propostas para empoderá-las no ambiente de trabalho. Confira!
Desenvolva programas de liderança
Os programas de liderança feminina proporcionam às mulheres as habilidades e competências necessárias para se destacarem em posições de liderança, como pensamento estratégico, tomada de decisões e networking.
Ademais, estes programas ajudam as mulheres a aumentar a sua confiança e autoestima, proporcionando-lhes um ambiente de apoio e incentivo.
Reconheça os esforços das suas colaboradoras
Quando uma mulher tiver uma ótima ideia, certifique-se de que ela receba o reconhecimento que merece, em vez de permitir que outra pessoa receba o crédito. Dê voz às mulheres em seu local de trabalho e certifique-se de que ela seja ouvida.
Mulheres orientadas e defendidas crescem rapidamente em cargos de liderança. Como resultado, a sua organização pode esperar um crescimento mais forte das receitas e margens de lucro mais elevadas.
Ofereça oportunidades iguais
É responsabilidade das organizações garantir que as mulheres tenham as mesmas oportunidades que os homens no que diz respeito a promoções, treinamento e gráficos de crescimento.
Estabeleça horários de trabalho flexíveis
Existem várias maneiras de incentivar as mulheres a trabalhar para uma organização, uma delas é oferecer acordos de trabalho flexíveis. Isto significa que as organizações devem permitir que as mulheres trabalhem remotamente ou tirem folga quando necessário para equilibrar as suas responsabilidades pessoais.
Como vimos, apesar dos avanços, a desigualdade de gênero no mercado de trabalho ainda é significativa. As mulheres enfrentam mais dificuldades para encontrar emprego, têm condições de trabalho mais vulneráveis e salários mais baixos. E para mudar esse cenário, é preciso que a sociedade entenda que a igualdade de gênero traz benefícios a todos.
Se você quiser saber mais sobre a ascensão feminina no mercado de trabalho, confira também nosso conteúdo sobre como aumentar a Liderança feminina na sua organização.