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Surdos no mercado de trabalho ainda enfrentam grandes barreiras para vencer o preconceito e o desconhecimento por parte de outros profissionais em relação às suas habilidades. Mesmo com algumas organizações afirmando valorizar a diversidade e inclusão, a discriminação na contratação de pessoas com deficiência ainda persiste.
Um estudo publicado no New York Times, em 2015, revelou que os empregadores eram 34% menos propensos a contratar um candidato experiente com deficiência e 15% menos propensos a contratar um candidato novato com deficiência.
Esse cenário pode levar muitos candidatos surdos a atos extremos, como excluir a deficiência do currículo, ou a abandonar o mercado de trabalho.
Neste artigo, vamos mostrar como as empresas e seus colaboradores podem trabalhar juntos o tema da inclusão de surdos no mercado de trabalho. Acompanhe aqui ainda os principais desafios da atuação profissional das pessoas com deficiência auditiva e cursos gratuitos da Linguagem Brasileira de Sinais (Libra).
Desafios da pessoa surda no mercado de trabalho
Procurar um trabalho que satisfaça suas necessidades básicas de sobrevivência e de autorrealização não é uma tarefa fácil. Você precisará investir algum tempo procurando vagas, trabalhando o seu currículo de forma personalizada, fazendo testes e entrevistas.
Para pessoas com deficiência, as dificuldades de inserção no mercado de trabalho são ainda maiores. Muitas vezes, já começam com a limitação em oportunidades de estudos, locomoção, construção de networking.
Por isso, é de extrema importância que recrutadores, colaboradores de outros times e as empresas como instituições sejam pessoas aliadas e agentes ativos na inserção de surdos no mercado de trabalho.
Depois, vem a falta de diálogo com organizações, recrutadores e demais envolvidos no processo que podem não estar preparados para incluir deficientes auditivos em suas empresas e processos de R&S.
Apesar de muitas organizações no Brasil oferecerem vagas para pessoas com deficiência, até por uma questão de obrigação legal da Lei nº 8.213/91, não são todas as empresas que estão preparadas para lidar com pessoas de distintas deficiências.
Essa obstrução pode ter início já no processo seletivo com a falta de intérprete de libras, por exemplo.
Consegui o emprego, e agora?
Os desafios para esses profissionais também se estendem por toda a jornada de trabalho deles. Solidão e bullying são alguns dos problemas relatados por profissionais que são pessoas surdas, de acordo com uma pesquisa conduzida pela Royal Association for Deaf People, associação britânica de surdos.
O estudo, que pesquisou as experiências dos surdos em relação ao emprego e progressão na carreira, foi realizado no final de 2020 e chegou às seguintes conclusões:
- 60% dos entrevistados disseram que não receberam oportunidades de progressão durante sua carreira
- 63% relatam que não tiveram oportunidades iguais aos seus colegas no ambiente de trabalho;
- 53% dos entrevistados não se sentem apoiados no trabalho;
- 83% dos entrevistados foram excluídos de conversas com colegas;
- 69% relataram sentir-se solitários no trabalho;
- 59% ficaram de fora de eventos sociais;
- 34% sofreram bullying ou atos de indelicadeza no trabalho porque eram surdos.
Como incluir pessoas surdas na cultura organizacional?
Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 5% da população brasileira possui algum tipo de deficiência auditiva.
Como já vimos aqui, há uma legislação no Brasil que busca inserir os deficientes físicos no mercado de trabalho. Segundo a lei, as empresas devem respeitar um coeficiente mínimo do quadro de trabalhadores com algum tipo de deficiência física, de acordo com o tamanho da empresa:
- De 100 a 200 funcionários devem destinar 2% de suas vagas para pessoas com deficiência;
- De 201 a 500 colaboradores, o número sobe para 3%;
- De 501 a 1.000 trabalhadores, o número aumenta para 4%;
- Já as empresas com mais de 1.001 empregados devem reservar 5% do total de vagas.
Em caso de descumprimento, a multa pode chegar a mais de 200 mil reais. No entanto, o texto frio da lei não dá pistas de como as empresas podem fazer isso com excelência.
Não é à toa que, mesmo passado quase 20 anos da promulgação da legislação, poucas são as empresas que oferecem um bom ambiente de trabalho para surdos e outros deficientes.
Dessa forma, é preciso ir atrás de informações de qualidade para tornar sua empresa diversa e inclusiva. Uma dica para você começar agora a expandir seus conhecimentos acerca de diversidade e inclusão é fazer os cursos oferecidos pelo Colettivo.
O Colettivo é uma iniciativa Vagas e é o primeiro hub de diversidade e inclusão do Brasil. Lá, você encontra cursos voltados a temas de diversidade e inclusão que não ministrados por professores especialistas.
Os cursos são gratuitos, totalmente on-line e você conta com certificado na conclusão. Acesse e faça a diferença hoje mesmo em sua empresa!
Além disso, separamos dicas importantes para que a jornada de trabalho seja inclusiva para pessoas surdas e para que haja espaço para os profissionais mostrarem seus conhecimentos e se desenvolverem genuinamente na empresa.
Tudo começa durante o processo de recrutamento e seleção dos candidatos.
Invista em acessibilidade e tecnologia
No processo seletivo e na adaptação da empresa, vale apostar em plataformas que facilitam a interpretação de sinais e em ferramentas com tecnologias assistivas, como aparelhos para surdez e a diminuição de barreiras de acesso à informação – com alternativas à comunicação por áudio.
Um exemplo é a intérprete virtual de Libras do Vagas.com, a Maya. Com ela, os candidatos surdos que utilizam o site têm mais acessibilidade na busca por vagas de emprego. Com o plugin de acessibilidade da Hand Talk, a Maya faz a tradução de conteúdos de textos e imagens para Libras.
Além da plataforma de carreiras, temos o blog Vagas Profissões. Esse tipo de iniciativa é uma das que atraem pessoas com deficiência auditiva para ocupar os postos oferecidos e compatíveis com suas habilidades e talentos.
Do lado dos recrutadores, o software de R&S Vagas For Business também conta com acessibilidade em Libras. Dessa forma, os recrutadores que já foram candidatos continuam contando com a inclusão em seu dia a dia e em suas atividades.
Conte com um intérprete de libras
Um direito humano fundamental é a capacidade de se expressar sem discriminação. A igualdade na comunicação é uma área que as pessoas e as empresas tendem a ignorar involuntariamente.
Ao empregar intérpretes qualificados da linguagem de sinais brasileira, você poderá garantir esse direito e uma fluidez melhor de comunicação entre os surdos e os demais membros da empresa.
Viabilize a comunicação com os colegas
Mesmo com a contratação de um intérprete de libras, pode haver algum tipo de preconceito ou desconhecimento da realidade dos surdos pelos demais trabalhadores de uma organização.
Neste caso, o ideal é promover treinamentos de conscientização na organização para que todos entendam quais são as perspectivas de trabalho no olhar de um surdo.
Assim, os colegas interpretarão melhor a conduta dos surdos no ambiente de trabalho, bem como saberão qual é a melhor abordagem para se comunicar com eles.
Promova comunicações corporativas inclusivas
As comunicações da empresa a todos os colaboradores devem estar sempre disponíveis em formatos que sejam acessíveis a todas as pessoas. Certifique-se de que haja sempre uma alternativa que atenda às diferentes necessidades: nas comunicações institucionais em vídeos, por exemplo, conte também com um profissional intérprete de libras.
Certifique-se de que o espaço de trabalho e os equipamentos de TI sejam acessíveis
A configuração do espaço de trabalho dos surdos e equipamentos de TI com acessibilidade devem ser implementadas previamente pela organização
Se é esperado que o trabalhador receba chamadas telefônicas, é preciso acoplar uma tecnologia que traduza o diálogo para texto, por exemplo.
É importante reconhecer que as necessidades de cada pessoa podem ser diferentes! Se você estiver em posição de tomar decisões, faça alguns trabalhos de casa e reserve um tempo para entender o que aquele profissional em específico precisa para ser incluso na empresa.
Torne a reunião inclusiva
Ao se preparar para uma reunião, escolha um espaço que forneça ao funcionário surdo ou com deficiência auditiva um bom acesso visual, ampla iluminação e linha de visão direta se houver um orador principal.
Antes do início da reunião, pergunte ao colaborador como ele gostaria de se comunicar e contribuir durante a reunião.
Informe aos outros na reunião que eles devem evitar falar uns com os outros e participar um de cada vez para que fique claro quem é o orador. Por fim, certifique-se de que a reunião seja transcrita e anotada minuciosamente com recursos visuais.
Emergências
Em uma emergência, a maioria dos ambientes não está configurada para notificar adequadamente um funcionário surdo ou com deficiência auditiva.
Luzes piscando devem acompanhar qualquer alarme que soe. Para anúncios de emergência feitos por alto-falantes ou interfones, use também alertas de texto e e-mail.
Benefícios para empresas que promovem vagas para pessoas surdas no mercado de trabalho
Até aqui, falamos apenas sobre os desafios que empresas, recrutadores e pessoas com deficiência auditiva têm. Mas que tal também abordarmos alguns aspectos positivos de contratar um surdo para sua equipe?
Adiante, separamos 4 bons motivos para você ter uma pessoa com deficiência auditiva no seu time:
- São profissionais adaptáveis: as pessoas surdas passam grande parte de suas vidas encontrando maneiras de se adaptar à sociedade. Por causa disso, podem exibir paciência e flexibilidade impressionantes diante de um desafio.
- São bons mediadores: os surdos tornam-se talentosos em preencher lacunas de comunicação e culturais em situações cotidianas. Isso pode se traduzir em forte resolução de problemas e habilidades interpessoais.
- Trazem perspectivas diferentes: como seus antecedentes e experiências de vida são inevitavelmente diferentes dos seus colegas que não são pessoas com deficiência, eles podem sugerir serviços, recursos ou ideias de novos produtos que outros funcionários nunca teriam considerado.
- São uma contratação segura e confiável: estudos têm demonstrado que os trabalhadores com deficiência são vistos como confiáveis, leais e responsáveis. Eles também tendem a ter desempenho positivo no trabalho e são muito atentos à segurança na força de trabalho.
Cursos de Libras gratuitos para oferecer aos colaboradores
Simplesmente dizer que não compreende os surdos não é mais uma desculpa. Se você quer se tornar uma pessoa inclusiva, compreender o outro e como ele se comunica é o primeiro passo.
A boa notícia é que você não terá de se locomover nem gastar dinheiro aprendendo a Linguagem Brasileira de Sinais, a LIBRAS. Basta ir ao Google e digitar as palavras-chave “cursos de libras gratuitos” que você encontrará boas ofertas de aulas gratuitas e online para aprender a se comunicar com os surdos.
Nesta busca, você encontrará cursos de instituições de ensino renomadas, como a Universidade de São Paulo (USP), e aulas também promovidas por corporações como a ClearSale. Abaixo, selecionamos três desses cursos para você dar o pontapé na sua inclusão no mundo dos surdos. Confira!
USP
A plataforma de cursos online da USP disponibiliza videoaulas, práticas e teóricas, sobre Libras. O curso EaD foi desenvolvido pelo Departamento de Linguística da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).
SESI
O Serviço Social da Indústria (SESI) também disponibiliza a todos um curso EaD gratuito de Libras. Dividido em quatro módulos, o curso tem carga horária de 30 horas.
Cursou
No portal de cursos digitais gratuitos Cursou, você encontrará uma gama de cursos relacionados à compreensão da linguagem de sinais. Há desde cursos de Libras para iniciantes, passando por aulas de instrutor de Libras, até um curso de música em libras (para os surdos).
Como vimos, ainda temos de avançar para vencer a discriminação no mercado de trabalho. Para dar mais um passo nessa direção, confira o cenário do mercado de trabalho para pessoas com deficiência e como as empresas podem atuar de maneira ativa na causa.