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Há um movimento silencioso em muitas empresas, o chamado quiet quitting — em português, demissão silenciosa. Seus sinais muitas vezes não são percebidos pelos gestores, até que alguns indicadores passam a cair, como a produtividade.
Trata-se de um comportamento que ganhou força durante a pandemia de covid-19 e que se traduz em uma atitude mais resignada e pouco comprometida por parte dos profissionais.
Não significa que o profissional deixa de cumprir o seu trabalho, mas que ele não vai além disso.
Quer entender melhor o que é o quiet quitting, como surgiu e de que forma combatê-lo? Acompanhe o texto!
Quiet quitting é um comportamento de colaboradores que pode ser traduzido como uma certa limitação de desempenho. Ou seja, quiet quitting é uma atitude que o funcionário adota pela qual ele apenas cumpre o que está no job description, o que é esperado dele na função que exerce na empresa.
Trata-se do rompimento da antiga visão de que trabalhador bom era aquele que se dedicava à empresa muito além do que era esperado – dentro e fora dela.
Essa limitação de desempenho ganhou força especialmente junto aos jovens da Geração Z, os nascidos entre 1995 e 2005, a partir de um vídeo publicado na rede Tik Tok. Nele, um jovem engenheiro de 24 anos, Zaid Kahn, dizia: “Você não está desistindo de seu emprego, mas está abandonando a ideia de ir além no trabalho.”
Por ser adotado por muitos profissionais dessa geração, alguns dados revelam a importância de prestar atenção ao movimento e prevenir o quiet quitting:
Esses dados reforçam a necessidade das empresas, em especial as áreas de recursos humanos, prestarem mais atenção ao quiet quitting.
Uma atenção necessária e evitar a confusão que existe entre quiet quitting com outros comportamentos ou movimentos:
Alguns sinais dessa limitação de desempenho muitas vezes passam despercebidos na empresa. Por essa razão, é preciso que os gestores e líderes sejam muito bem preparados para captá-los no dia a dia. Alguns deles são:
Um funcionário, que geralmente é engajado e colaborativo, de repente se torna reservado e desinteressado:
Um funcionário pode começar a produzir menos ou não atender às expectativas de qualidade e quantidade de trabalho. Acompanhar e prestar atenção às avaliações de desempenho contribui para perceber e identificar momentos de queda, que demandam uma intervenção mais rápida possível.
Um funcionário que normalmente busca oportunidades de aprendizado e desenvolvimento pode parar de fazê-lo. Ou não se empolgar com alguma promoção que receba na empresa.
Um funcionário que normalmente socializa com colegas de trabalho pode começar a se afastar e evitar contato social:
Um funcionário pode começar a mostrar menos compromisso com a empresa e com seus objetivos:
Caso um funcionário apresente algum desses sinais, é importante conversar com ele para entender se há alguma questão que possa estar levando ao comportamento de quiet quitting. Muitas vezes, uma conversa franca pode ajudar a esclarecer as coisas e reverter esse quadro.
Os fatores que levam uma pessoa a uma “demissão silenciosa” são variados e atuam conjuntamente. Isso quer dizer que não existe apenas uma causa, mas um conjunto de aspectos e motivos.
Alguns deles são:
O relatório de tendências de rede de 2023 da Handshake revela que 70% dos profissionais da geração Z colocam o salário como um dos principais aspectos que desejam em seu próximo emprego. Isso ajuda a compreender que uma remuneração que não reflita o reconhecimento pelo trabalho realizado pode encorajá-los ao quiet quitting.
Para muitos, de nada adianta esforçar-se e engajar-se no trabalho se não há um reconhecimento desse esforço por parte dos gestores, líderes e pela própria empresa. Esse problema já começa, muitas vezes, entre os próprios gestores.
A pesquisa da Gallup revela que um em cada três gestores está engajado. Reconhecer o trabalho do gestor ajuda a motivá-lo e a reconhecer e motivar seus subordinados. Esse aspecto reforça uma pesquisa publicada na Harvard Business Review.
Conforme esse estudo, o quiet quitting está muito mais relacionado aos gestores e líderes do que aos colaboradores. Entre 2020 e 2022, foram ouvidos 2.801 gerentes, sendo que:
Muitas vezes, os gestores não sabem como lidar com os demais colaboradores e acabam adotando um comportamento abusivo, no qual o comando e controle se dá pelo abuso de autoridade.
Isso fomenta a criação de um ambiente de trabalho insalubre, de medo e repressão. Nele, a confiança é quebrada, os relacionamentos pioram. Para os casos de assédio moral é um pulo.
Com a pandemia de covid-19, muitas empresas tiveram de reduzir seus quadros de funcionários. Os remanescentes se viram, então, acumulando seus afazeres com os que foram desligados.
Além disso, houve um aumento da jornada em alguns casos, em especial entre os profissionais que, preocupados em mostrar que estavam trabalhando com afinco remotamente, ultrapassavam os limites saudáveis de horário dedicado à empresa.
Alguns profissionais passam a se dedicar menos ao trabalho, pois não conseguem visualizar um propósito, um significado maior no trabalho deles. Eles não compreendem, por exemplo, como a atuação deles pode fazer a diferença nos indicadores da empresa.
É comum ter no pacote de beneficios corporativo ofertas como: plano de saúde, plano dental, vale-transporte e vale-alimentação ou refeição. Mas será que esses benefícios estão contextualizados com as necessidades atuais dos profissionais?
Os profissionais que trabalham em contexto home office querem o mesmo benefício dos profissionais que atuam no modelo presencial?
Essas são algumas perguntas que a área de gestão de pessoas deve recorrentemente fazer. E às vezes não se trata de benefícios custosos, mas sim que tragam mais flexibilidade e poder de decisão para o colaborador.
Um exemplo do que estamos falando são os chamados cartões flex, em que o profissional pode escolher com o que ele gastará o valor, seja pagando refeições ou comprando um novo fone de ouvido.
Pensando no contexto pós-pandemia, o fato de incluir no pacote itens ligados ao bem-estar e à saúde mental já auxilia a aumentar a percepção do funcionário de que a empresa se preocupa, realmente, com ele.
A falta de feedback é a ponta do iceberg que tem em si a falta de reconhecimento, a atenção ao colaborador e a construção de uma carreira na empresa. Não se trata tão somente de feedbacks no sentido de “conversa”, mas também no que se refere a um feedback mais estruturado, que segue os ritos:
Designar uma tarefa que não faz parte do escopo de trabalho a um colaborador pode até instigar a pessoa a encontrar um novo foco de interesse na carreira.
No entanto, quando essa ação se transforma em um hábito, tem-se uma quebra de contrato (incluindo o psicológico) de trabalho.
Sem um horizonte para crescer na carreira, muitos profissionais acabam perdendo o interesse e a força para dar 110% de suas competências para a empresa. Mais do que não reconhecer esse trabalho, a falta de perspectiva pode refletir um desinteresse da empresa com o colaborador.
Para evitar que seus colaboradores entrem no modo de “demissão silenciosa”, é importante tomar algumas medidas preventivas. Aqui estão algumas sugestões:
É importante que os colaboradores saibam o que se espera deles e quais são os objetivos da empresa.
Comunique as expectativas claramente, de modo que eles saibam o que precisam fazer para ter sucesso e contribuir para a empresa. Isso já deve estar na descrição do cargo e ser respeitado.
É importante que os colaboradores recebam feedback regular. Mais do que ajudá-los a entender onde precisam melhorar e a se sentir valorizados pelo trabalho que estão fazendo, essas conversas ajudam o gestor a entender melhor o que o colaborador está sentindo.
Os colaboradores podem se sentir desmotivados se não houver oportunidades de crescimento profissional.
Ofereça treinamentos, cursos e outras oportunidades de aprendizado para que eles possam desenvolver suas habilidades e crescer na carreira. Esse pode ser um caminho para recompensar e reconhecer o trabalho deles.
Os colaboradores são mais propensos a se engajarem em um emprego se se sentirem confortáveis e felizes no ambiente de trabalho. Crie um ambiente de trabalho positivo, incentivando a comunicação aberta e a colaboração entre colegas.
Os colaboradores precisam se sentir valorizados e reconhecidos pelo trabalho que estão fazendo. Crie um sistema de recompensas para reconhecer e recompensar os colaboradores pelo bom trabalho.
Esteja aberto a ouvir as preocupações e feedback dos seus colaboradores. Mantenha as linhas de comunicação abertas para que eles se sintam à vontade para discutir problemas e preocupações que possam ter.
Encare o preparo e a motivação dos gestores e dos líderes como o passo fundamental para motivar e engajar os demais. Os líderes e gestores, ao perceberem que um profissional está ultrapassando o limite saudável de trabalho.
Nem sempre os sinais prévios de quem está no modo quiet quitting são visíveis. Em geral, as empresas percebem os reflexos desse comportamento em seus resultados, uma vez que ele é capaz de afetar negativamente o engajamento e a produtividade de um colaborador.
E não apenas isso: afeta ainda a capacidade de inovação da companhia. Portanto, pense bem e tome decisões baseadas em dados para não deixar o seu capital humano desamparado.
Ao longo do artigo você deve ter percebido que um feedback constante e assertivo pode ser a resposta contra o quiet quitting. Aprenda um pouco sobre como desenvolver e manter um processo de feedback saudável aos funcionários
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