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Encontrar pessoas que compartilham das mesmas dores que nós e que podem promover trocas de informações e acelerar ações para alguma mudança necessária é muito positivo. Isso também pode (e deve!) acontecer no âmbito profissional: é a partir dessa premissa que surge o grupo de afinidade que pode acolher os colaboradores de sua empresa.
Uma pesquisa mostrou que 90% das empresas que constavam na antiga Forbes 500 (que reunia as 500 maiores empresas estadunidenses) contavam com grupos de afinidade. No entanto, pouco se sabia acerca de dados desses grupos, de quais eram as iniciativas e de quais eram os resultados.
Isto é, os grupos de afinidade costumavam ter o olhar muito mais para dentro da empresa do que para todo o ecossistema do negócio, que envolve também clientes, fornecedores e o próprio mercado de trabalho.
Se você não conhece o que é o grupo de afinidade ou se sua empresa não investe na formação desses grupos, mas você sabe que este é o momento para tomar os primeiros passos, continue com a gente neste artigo.
Aqui, vamos entender tudo sobre o tema: o que é grupo de afinidade, quais são os tipos de grupo de afinidade, qual a importância e quais os benefícios da iniciativa.
Confira!
O que significa grupo de afinidade
Grupo de afinidade, também chamado de grupo de diversidade ou affinity group, se refere a comunidades de colaboradores com algo em comum dentro de uma empresa. Eles podem se formar por identificação de etnia, identidade de gênero, raça, deficiência ou outras características.
Diante disso há acolhimento, trocas de informações, discussões acerca de situações e levantamento de ações que podem ser desenvolvidas para melhorar determinadas questões.
Com encontros recorrentes, as pautas vão sendo traçadas e trabalhadas, de modo que mudanças sejam promovidas a partir do grupo, viabilizando um ambiente de trabalho cada vez mais propício e mais: um mercado de trabalho que se torne mais diverso e inclusivo para os mais diferentes profissionais.
Dessa forma, visando o bem-estar dos colaboradores, que vai gerar inúmeros benefícios que veremos mais a frente, é de suma importância que o time de RH seja um incentivador e um facilitador dos grupos de afinidade, de seus encontros e de suas ações.
Você sabia? O primeiro grupo de afinidade nasceu nos Estados Unidos, na década de 1960. Movidos pelos conflitos raciais que dominavam o país, o CEO da empresa Xerox, Joseph Wilson e os colaboradores negros formaram a Convenção Nacional dos Empregados Negros. Ali, eles compartilhavam suas lutas e entendiam como a própria empresa poderia ser aliada na causa contra o racismo.
Não por acaso, em uma busca pela internet, você vai perceber que muitas das pesquisas acerca de grupos de afinidade são de origem americana e que elas já são feitas há alguns anos.
Sobre os grupos de afinidade no Brasil, o especialista em Diversidade e Inclusão da Vagas, Renan Batistela, pondera:
“Percebo que cada vez mais as empresas que atuam no Brasil estão se empenhando em criar grupos de afinidade. Inclusive, percebo que algumas empresas começam suas estratégias de D&I por meio da criação desses grupos. Há empresas de grande porte que já começam a sair do óbvio, a exemplo da empresa LexisNexis Risk Solutions. Tenho uma amiga que é colaboradora lá e ela me contou que eles têm um grupo de afinidade exclusivo sobre menopausa”.
Quais são os tipos de grupo de afinidade
Geralmente, os grupos de afinidade têm estreita relação com comitês de diversidade e inclusão, atendendo muitos colaboradores de grupos minorizados, como:
- mães que acabam de voltar de licença-maternidade;
- pessoas pardas ou pretas;
- pessoas indígenas;
- pessoas com deficiência;
- profissionais 40+;
- LGBTQIA+;
- mulheres na tecnologia;
- liderança feminina e tantos outros.
Uma pesquisa conduzida pela Mercer indica que o top 5 dos grupos de afinidade são: mulheres, raça e etnia, LGBT (na época da pesquisa, a sigla ainda era essa), pessoas com deficiência e gerações.
É importante apontar que também pode haver grupos de afinidade que se formam a partir de interesses em comum, como causas ambientais, vivência de luto e até mesmo pessoas enfrentando uma mesma doença. No entanto, como apontam os dados acima, o que mais leva à formação de grupos de afinidade são questões relacionadas à diversidade e inclusão.
Aqui, na Vagas, também estamos acompanhando essa movimentação e criando grupos de afinidade que façam sentido para as pessoas colaboradoras da empresa:
“Lançamos, em abril, um grupo de afinidade para mulheres que está servindo de piloto ao longo de todo o ano de 2022. Em 2023, vamos avaliar a viabilidade de lançar outros grupos, como o de pessoas LGBTQIA+ e pessoas negras, por exemplo”, aponta o especialista em D&I.
Renan ainda completa, trazendo quais ações estão sendo desenvolvidas pelo grupo de mulheres:
“Além dos momentos de troca bastante ricos, o grupo de mulheres da Vagas está trabalhando na criação de um guia de parentalidade, que conterá todas as principais práticas para quem se torna um mãe ou pai dentro da nossa empresa, seja de forma biológica ou não”.
Qual a importância do grupo de afinidade nas empresas
Os grupos de afinidade são importantes para as empresas porque eles têm o potencial de trazer bem-estar, acolhimento, conforto e ações muito práticas aos colaboradores que contribuem ativamente com melhorias no espaço de trabalho.
“Os grupos de afinidade são importantes, pois são espaços de acolhimento para pessoas de grupos minorizados, proporcionando momentos de discussão, aprendizado, conexão, e criação de projetos de diversidade e inclusão para a empresa como um todo”, indica Renan.
Dessa forma, alguns pontos muito importantes são trabalhados, como:
- bem-estar emocional do colaborador;
- experiência do colaborador;
- fortalecimento da marca empregadora;
- vivência real da cultura de diversidade e inclusão.
Com isso, é certo que as pessoas ficam mais próximas umas das outras, criam relações mais estreitas e se sentem mais felizes no ambiente de trabalho: estudos conduzidos pela Universidade de Warwick comprovam que pessoas que são felizes são 12% mais produtivas que pessoas infelizes.
Também podemos citar que, com a fomentação de grupos de afinidade, os clientes e fornecedores também sentem os bons impactos do bem-estar dos colaboradores e das ações desenvolvidas pela empresa a partir dos grupos, dando mais chances para:
- atrair clientes e fornecedores alinhados com valores semelhantes aos de seu negócio;
- melhores relações comerciais, uma vez que os colaboradores se sentem bem no trabalho;
- possibilidades de maximizar as relações com ações conjuntas, como lives, desenvolvimento de pesquisas, produção de materiais educativos.
Note que a fomentação à formação de grupo de afinidade é importante para todo o ecossistema da empresa, gerando impactos diretos no negócio e nas perspectivas de crescimento.
5 benefícios de grupo de afinidade
Agora que você já sabe o que é grupo de afinidade e qual sua importância, listamos os 5 principais benefícios que eles geram, tanto aos colaboradores quanto ao seu negócio.
1. Incentivo às relações humanas
Como vimos, a aproximação de pessoas que vivem situações semelhantes incentiva a criação de laços genuínos entre elas, uma vez que partilham de sentimentos parecidos.
Ao estabelecer relações humanas dentro do ambiente profissional, as pessoas tendem a se sentir mais seguras e acolhidas pela organização.
Caso alguma situação que precise de apoio de amigos aconteça, os colaboradores vão saber que ali, no dia a dia, é possível contar com outros colaboradores.
2. Criação de espaços seguros
O grupo de afinidade deve ser um espaço seguro aos participantes, ou seja, o que é falado de teor pessoal não deve sair dali. Isso deve ser acordado previamente entre os participantes.
Criando um espaço em que as pessoas possam falar abertamente sobre o que vivem e sentem, os profissionais se sentem mais seguros em relação a outros colaboradores da empresa e em relação à própria empresa, que permite que o espaço seja criado e não tem a intenção de intervir no nível pessoal nesses relatos e compartilhamento de experiências.
3. Vivência real dos valores de diversidade e inclusão
Quando a organização viabiliza a criação de grupos de afinidade, todas as pessoas que se identificam com algum dos grupos vivem, na pele, os valores de diversidade e inclusão da empresa.
Muito além do discurso, é preciso criar, intencionalmente, situações em que a diversidade e a inclusão dos grupos minorizados aconteçam, de fato. Por isso, abrir espaços para a reunião de grupos de afinidade e para as ações que são propostas a partir das trocas é essencial para que o pilar de D&I se materialize em ações.
4. Fortalecimento da marca empregadora
Pensando no fortalecimento do seu negócio, as ações genuínas voltadas à D&I podem levar a força da sua marca para outro patamar.
Lembre-se de que candidatos, colaboradores e parceiros comerciais são potenciais promotores de sua marca empregadora e podem, organicamente, disseminar o fato de sua empresa ser um negócio que trata diversidade e inclusão com seriedade.
Depoimentos dessa natureza dão ainda mais credibilidade à organização e podem trazer boa visibilidade do seu negócio para o mercado de trabalho, aumentando as chances de:
- trazer candidatos com mais fit cultural;
- captar parceiros comerciais que também se preocupam com a causa;
- fortalecer o posicionamento da empresa por meio de depoimentos de colaboradores.
5. Aumento da jornada do colaborador na empresa
Muito além das interações empresariais, das entregas do dia a dia e dos benefícios corporativos, os colaboradores, hoje, se conectam muito com o clima organizacional e com o fit cultural que eles têm com o negócio.
O propósito do trabalho é um tema que está super em alta e, naturalmente, ganha mais atenção de quem atua na companhia. Por isso, oferecer possibilidades que dialogam com o propósito das pessoas, como os grupos de afinidade, aumenta as chances de o colaborador ser ainda mais engajado com a empresa e, assim, aumentar sua jornada dentro do negócio.
“Quando pessoas de grupos minorizados têm um espaço para serem acolhidas e ouvidas, tendem a se sentir mais pertencentes na empresa, pois sentem que podem ser exatamente quem são”, constata Renan Batistela.
Com isso, é possível notar redução de turnover, mais tração nas entregas e mais sinergia entre equipes, por exemplo.
Agora que você entendeu qual a importância do grupo de afinidade dentro do negócio, te convidamos para saber mais sobre o mercado de trabalho para pessoas com deficiência, os principais desafios do grupo minorizado e algumas perspectivas para o futuro.