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Você já ouviu falar de growth mindset ou mentalidade de crescimento?
Existem dois tipos de mentalidade: a fixa e a de crescimento. O growth mindset se relaciona a essa segunda opção, em que as pessoas buscam por formas novas e inovadoras de pensar em agir.
Uma habilidade bem interessante para as empresas, certo? Para conhecer mais sobre esse conceito e suas aplicações, continue a leitura!
O que é o Growth Mindset?
O Growth Mindset, ou mentalidade de crescimento, é uma forma de encarar desafios como oportunidades de desenvolver habilidades básicas e crescer pessoal e profissionalmente. A ideia é que seu trabalho possa ajudar a melhorar seus resultados e até resiliência.
O conceito de growth mindset, ou mentalidade de crescimento, foi desenvolvido pela professora da Universidade de Stanford Carol Dweck. Ela é, aliás, autora do livro Mindset, a nova psicologia do sucesso (lançado no Brasil pela editora Objetiva).
Mas o que significa exatamente ter uma mentalidade de crescimento?
Não é algo complicado de entender e, certamente, fará todo o sentido para você e sua empresa – ainda mais em momentos de transformações cada vez mais avassaladoras.
Falar em mentalidade de crescimento é o mesmo que dizer que você deve continuar sempre atualizado, aprendendo novos truques e otimizando seu conhecimento.
São aquelas pessoas que não viram as costas para um desafio, que o encaram de frente como uma excelente oportunidade de desenvolvimento e aprendizado.
Growth mindset é apresentar um elevado nível de resiliência, lidando com as adversidades, não se deixando abater e, ao voltar para a anterior, ter maior bagagem de aprendizado.
Essa seria, então, as características de uma pessoa esforçada? Sim e não, como a própria Carol Dweck explicou em um artigo sobre o tema. O esforço faz parte da mentalidade de crescimento. Mas se ele for encarado como um fim, isto é, se a preocupação estiver apenas no esforço que uma pessoa tem, nada feito.
Isso porque o resultado é importante também. De nada vale um vendedor passar todo o mês mandando e-mails, telefonando e em reuniões com o cliente e não gerar nenhum centavo de vendas. Ninguém vai dar um bônus para ele pelo esforço. Ainda mais se ele disser que é um vendedor nato, que já sabe tudo.
Segundo e talvez o mais fundamental: o esforço é o meio para se chegar a um fim e os avanços em aprendizado e melhoria pesam tanto quanto os resultados em termos de reconhecimento.
Exemplo prático da metodologia
Vamos ilustrar: imagine que no segundo mês o vendedor repita a mesma performance. Seu gestor o chama para uma conversa e trilha algumas novas estratégias.
No mês seguinte, algumas vendas são realizadas, o vendedor aprende novas maneiras de negociar, por exemplo. Ou aprende mais sobre como identificar as necessidades do cliente.
Ou seja, ele teve ganhos de aprendizado e de melhoria. Sua mentalidade, que era fixa, começa a ter os ares de mentalidade de crescimento.
Para dar uma pista do que caracteriza uma pessoa com mentalidade de crescimento:
- Aceita desafios: eles são encarados como fonte de aprendizado e de melhoria;
- Aprende com os outros: acredita que não sabe o suficiente e vai atrás de conhecimento junto aos demais. Aliás, ela não gasta seu tempo tentando mostrar o que (apenas) sabe;
- Não se incomoda com o sucesso de um amigo: na verdade, vai buscar inspiração nesse fato;
- Acredita que sempre pode melhorar em algo;
- Encaram o erro como parte do processo de aprendizado e não como uma derrota ou fracasso.
Essas são algumas características ou comportamentos que ajudam a identificar quem está com uma mentalidade de desenvolvimento e não com uma mentalidade fixa.
Mas antes de vermos o que vem a ser essa mentalidade fixa — que, como o próprio nome sugere, é o oposto da de crescimento —, vale falar um pouco de como desenvolver o growth mindset na empresa.
Quais as diferenças entre Growth Mindset e mentalidade fixa?
Se você subir no parapeito de um edifício, para pular, provavelmente entenderá que não sabe voar e que não terá condições de aprender até chegar no chão. Você não dará o pulo e, assim, será salvo pela mentalidade fixa.
Isso significa, então, que para para desenvolver a mentalidade de crescimento devemos eliminar a fixa? Não, pois isso não é possível (ou indicado). A mentalidade fixa tem muito a ensinar para a de crescimento.
Ela pode ser como um guia, indicando o caminho a não se seguir.
Mas vamos entender mais o que caracteriza alguém com mentalidade fixa:
- Acreditam que suas habilidades e inteligência são traços naturais e que chegam a um ponto em que não precisa mais serem melhorados. É o que alguns dizem ser a Síndrome de Gabriela (eu nasci assim, eu cresci assim, eu vou ser sempre assim);
- Acreditam que o talento que possuem é o suficiente para chegar ao sucesso. Esqueça as palavras “esforço” e “persistência”. Em alguns casos, o insucesso é justificado, por essas pessoas, pela má atitude de outrem;
- E por falar em insucesso: não gostam de feedbacks negativos. “Como assim eu não soube como fazer? Passei o tempo todo mostrando como eu sei!”;
- Passam muito tempo descrevendo o que sabem. E só aquilo. Falam muito e agem pouco. E o pior, não buscam aprender ou a se desafiar;
- Ficam na zona de conforto;
- Por evitar desafios, perdem grandes chances de aprendizado. Aliás, acreditam que não precisam aprender nada. Lembra quando falamos do vendedor que dizia ser “um vendedor nato”? Pois então, esse é o tipo de frase que deve acender na cabeça do pessoal de RH, alertando que alguma coisa não está bem;
A mentalidade de crescimento, por outro lado, busca resolver problemas e questões de forma inovadora e “fora da caixa”. Feedbacks são bem-vindos e necessários, para que haja uma constante melhora de atitudes e resultados.
Como desenvolver o Growth Mindset na empresa?
Incentivando os colaboradores a sempre buscar novos conhecimentos e confrontar velhos paradigmas. E isso funciona muito bem em tempos de transformações. Vimos recentemente, por exemplo, que muitas organizações tiveram de se reinventar em curto espaço de tempo para evitar sucumbir no mercado
Isso demandou, e ainda demanda, profissionais com algumas competências e habilidades mais acentuadas ou desenvolvidas.
Sim, falamos das soft skills, como empatia, comunicação, resiliência. E, claro, a capacidade de estar em modo aberto para o aprendizado, investindo no lifelong learning.
Leia também: 8 tendências de RH pós-pandemia e como se preparar para elas
O trabalho de Carol Dweck esteve calcado justamente em alunos e professores. Em como era possível desenvolver essa capacidade junto aos jovens para que realmente aprendessem.
Imaginando que cada vez mais as carreiras serão encaradas como jornadas de aprendizado (soma de experiências e desenvolvimento), nada mais natural do que imaginar as vantagens de fomentar a mentalidade de crescimento em sua organização.
Até porque, como vimos, nela estão envolvidos aspectos como:
- Aprender sempre;
- Aprender com os erros, de forma adequada e tolerada;
- Encarar desafios.
A mentalidade de crescimento, em uma empresa, contribui para colaboradores e equipes mais resilientes.
Qual é a relação do Growth Mindset com o RH?
A primeira relação é simples: o RH tem de desenvolver uma mentalidade de crescimento. Não basta acreditar que já sabe ou que domina a área ou o subsistema que comanda. As coisas mudam — e o que é mais importante: as pessoas mudam.
Bem como as mudanças de mercado. Que perfil profissional a empresa vai precisar daqui a dois anos em função de seus objetivos?
Se o gestor de RH não estiver por dentro da estratégia, dos resultados a serem alcançados e das mudanças que tendem a ocorrer no mercado, ele certamente não poderá ajudar a organização a ter os melhores talentos para isso.
Empresas com mentalidade de crescimento são organizações que aprendem e ensinam. Que se transformam. Que não criam limbo.
Assim, além do RH abraçar a mentalidade de crescimento, ele deve fomentá-la em toda a organização.
- Pois envolve buscar e aprimorar o melhor das pessoas;
- Envolve criar o espírito de eterno aprendiz;
- Envolve aumentar o comprometimento e engajamento;
- Envolve criar um bom ambiente de trabalho e de troca de conhecimento;
- Envolve ouvir as pessoas de forma verdadeira, valorizando-as;
- Envolve criar uma excelente experiência do funcionário.
E, claro, envolve chegar aos melhores resultados.
6 Dicas para desenvolver Growth Mindset voltado à liderança
Você deve estar se perguntando como fazer com que essa mentalidade floresça na organização, certo?
Não se trata de um processo complicado, mas demanda atenção e vontade genuína por parte dos principais líderes da companhia.
Veja, a seguir, o que pode ser feito para aplicar essa mentalidade:
1. Criar um ambiente em que o erro seja tolerado
Errar é humano e faz parte do processo de aprendizado. Se visto com tolerância e, de forma adequada, o risco e o erro podem servir para ajustes de rotas e de estratégia. E, obviamente, de aprendizado para quem o cometeu e para os demais.
Mas de nada adianta dizer que o erro é tolerado e, na primeira ocasião, iniciar uma caça às bruxas na empresa.
2. Valorize a cultura do bom feedback
Aqui relembramos a história do esforço. Uma sessão de feedback não deve estar apenas pautada nos resultados, pois pode desanimar alguém que não tenha atingido as metas.
Da mesma forma que não deve estar de olho apenas no esforço, pois pode criar uma falsa sensação de dever cumprido e criar ou fortalecer uma zona de conforto para a pessoa.
É como se ela passasse a pensar: “Bem, esse é o meu limite de esforço. Foi elogiado e não preciso melhorar, talvez possa me esforçar mais um pouco, mesmo que eu não tenha resultado.”
O bom feedback foca no esforço e no resultado de forma a ajudar a pessoa a encontrar suporte e ferramentas para melhorar sua performance. Ele ensina!
3. Comemore os resultados
E já que falamos de performance, valorize os resultados obtidos. Comemore os bons resultados.
Essa é uma forma de recompensar também o esforço e de compartilhar o sucesso. Afinal, quem tem mentalidade de crescimento vê no sucesso do outro uma fonte de inspiração. Além disso, essa comemoração pode dar mais destaque a atitudes e comportamentos que permitiram chegar aos resultados.
Isso também inspira e ensina.
4. Nunca deixe de desenvolver as pessoas
Melhorar exige esforço, prática, tempo, conhecimento, experiências. Permita e fomente entre as pessoas esse sentimento de sempre querer saber mais e ser cada vez melhor.
E faça com que pratiquem.
5. Cuidado com os prazos
Nem sempre é possível aprender algo do dia para a noite. Se sua empresa quer desenvolver essa mentalidade de crescimento, deve ter noção de que as pessoas, dependendo do que precisam aprender, vão demandar um pouco mais de tempo.
Quem lida com change management sabe disso.
6. Prepare seus líderes
Para que os colaboradores entendam a melhor forma de como lidar com os aprendizados, como encarar um feedback e como receber uma recompensa ou reconhecimento é preciso que os líderes estejam na mesma página.
Por sinal, se os colaboradores entenderam o que é mentalidade de crescimento e os líderes não, estes não estarão nem no mesmo livro!
Os líderes, mais do que nunca, é que vão colocar essa cultura na prática com seus exemplos.
Eles terão de aprender a dar o bom feedback continuamente, a conversar com a pessoa sobre um determinado erro e a incentivar a pessoa a buscar o melhor dela, a se desenvolver para isso.
O líder ensina e também aprende.
Em um mundo cada vez mais em mudanças, o que contribui para que as empresas se mantenham firmes são as pessoas e sua capacidade de aprender, de entender para onde o mercado vai e como acompanhá-lo.
Ser orientada por um propósito também é importante. E a busca incessante em realizá-lo, também é uma maneira de exercer a mentalidade de crescimento. Porque o propósito é o que vai além e o que motiva as pessoas a buscarem ser cada vez melhores em uma empresa.
Já que abordamos nesse artigo muitos conceitos do aprendizado contínuo, que tal dar uma olhadinha no que é reskilling e a sua importância no trabalho?