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Vozes negras, de pessoas LGBTQIA+, de pessoas gordas, de mulheres são o que garantem a pluralidade de opiniões e geram bons debates e análises em sociedade. Se pensarmos que cada empresa é um miniecossistema que reproduz as experiências sociais de seus líderes e funcionários, então, é essa diversidade que garantirá que elas também sejam ouvidas com a potência que merecem. Isso significa que executivos brancos ou que nunca sofreram discriminações por raça, gênero, orientação sexual ou pelo corpo não podem falar sobre inclusão dentro da empresa? Certamente não.
Neste artigo, o foco será a questão racial. Vamos entender porque gerentes brancos também devem estudar e afastar o medo de falar sobre diversidade, dentro e fora da organização. Afinal, adotar uma postura antirracista requer envolvimento coletivo para que o preconceito se esvazie aos poucos nas relações sociais.
Gerentes brancos podem falar de questões raciais?
A figura de um homem branco e heterossexual está ligada a cargos de liderança. Digite a palavra “líder” na busca do Google Imagens e você verá desenhos de homens de gravata ou de capas de super-heróis na tela; mude a busca para “gerente” e serão mais fotos de homens brancos, intercaladas com algumas imagens de homens negros e mulheres brancas e negras.
Não é só esse breve exercício que nos mostra o quanto os cargos mais altos estão atribuídos a esse grupo social. Segundo o IBGE, em 2019, menos de 30% dos líderes de empresas do país eram negros. Muitas já despertaram para a necessidade de inclusão racial em seus quadros de funcionários. Acontece que, pelo fato de o homem branco heterossexual ocupar o lugar da liderança, quase sempre as estratégias de diversidade e inclusão ficam sob sua responsabilidade.
Treinamentos e conversas para executivos brancos
No início, talvez seja desconfortável que gerentes brancos precisem se preocupar com as questões raciais. Isso, no entanto, é fundamental para que a equidade seja um valor norteador dentro da empresa.
Com treinamentos e rodas de conversa sobre o tema, os líderes podem ocupar com mais tranquilidade dois lugares: o de fala e o de escuta.
O primeiro é aquele em que o gerente pode usar de seus privilégios, como pessoa branca, para ampliar medidas antirracistas. Isso pode ser aplicado em tomadas de decisão como no empenho por processos exclusivos para negros.
O lugar de escuta também é importante para quem se pauta na diversidade e inclusão. Ouvir funcionários, profissionais de consultorias de diversidade e ir atrás de conhecimento sobre os problemas raciais podem ser uma chave para executivos brancos perderem o medo de falar sobre isso.
“Todo mundo tem o seu lugar de fala. Eu, por exemplo, não posso falar como é ser uma pessoa negra, mas eu posso falar o quanto eu percebi o meu privilégio branco convivendo com pessoas negras”, pontua a CEO da CKZ Diversidade, Cris Kerr.
É preciso ser antirracista
O que está em jogo, portanto, é que não abordar a temática racial é se eximir da possibilidade de estabelecer medidas antirracistas e de servir como exemplo para o quadro de funcionários. Por isso, combater a discriminação passa pela determinação de parâmetros de linguagem inclusiva, mapeamento dos resultados das práticas antirracistas da empresa e fortalecimento do diálogo entre os líderes brancos e os grupos minoritários que podem compor a organização.
Para Cris, assim, “não basta não ser racista, tem quer antirracista pró ativo, que mostre soluções para acabar com o racismo estrutural, que se incomode com a falta de representatividade em todos os lugares. Faz parte disso ter um cuidado de olhar para que as pessoas negras e de grupos minoritários possam trilhar um caminho dentro das empresas”.
Para saber mais
Assista ao vídeo do youtuber Murilo Araújo com o título “Pessoas brancas devem falar sobre racismo?“, em que ele elabora debates sobre o conceito de hierarquia racial, racismo e a necessidade de enfrentamento das desigualdades raciais no Brasil.