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Anúncios recentes de governadores e prefeitos pelo Brasil preveem a reabertura lenta de alguns setores econômicos nas próximas semanas. Mas engana-se quem pensa que a maioria das vagas foi congelada e que não houve R&S na quarentena. Em casa, recrutadoras tiveram de se reinventar para atender às novas demandas e levar alento a muitas famílias que esperavam ansiosas pela volta de seus entes ao mercado de trabalho.
Neste artigo, vamos relatar histórias de três executivas da área de R&S. Elas contam como tiveram de lidar com diversos papéis ao mesmo tempo: mães, esposas, educadoras, donas de casa e recrutadoras.
Reinvenção durante a quarentena
Saúde, bem-estar e gestão do tempo: estes foram os elementos mais desafiadores que todos os profissionais que trabalharam de casa na quarentena tiveram de enfrentar. Saúde mental e física ficaram abaladas, afinal o bem-estar foi praticamente podado no isolamento.
O passeio no parque, a ida ao cinema e a visita à casa de parentes foram vetados. Em vez de aproveitarem essas atividades, os profissionais tiveram de assumir tarefas de casa, como cozinhar três refeições diárias, limpar a casa e, no caso dos pais, cuidar dos filhos em tempo integral. Isso tudo acabou com o planejamento da gestão de tempo, no momento logo após o anúncio da pandemia.
Somam-se a esses esforços, novas ferramentas digitais que tiveram de ser assimiladas em tempo recorde pelos profissionais. Pronto! Essa foi a receita da reinvenção durante a quarentena.
“Com toda essa experiência, tenho aprendido o quanto é possível me reinventar e conciliar, em uma proporção mais equilibrada, o pessoal e o profissional, mantendo a produtividade no trabalho e conseguindo dedicar tempo à maternidade”, destaca Nadjane Oliveira, gerente de RH do Grupo Soulan.
R&S no isolamento
A executiva narra o quão desafiador foi recrutar na quarentena. Ela avalia que manter a equipe de recrutadores engajada e motivada foi um dos pontos mais importantes a ser reinventado na atuação home office. “Não apenas pelo processo ter de ser 100% online, o que tem sido um grande aprendizado para o time como um todo, mas, principalmente, pelo momento de incerteza que vivemos”, sublinhou.
Nadjne explica que sua equipe recebeu uma grande demanda durante o isolamento. Eles tiveram de recrutar profissionais da área da saúde que atuaram na linha de frente contra a Covid-19. E esse foi um grande desafio superado com louvor pela executiva e pelos colegas.
Para a gerente de RH do Grupo Soulan, poder contribuir, de alguma forma, para transformar ou melhorar a vida das pessoas tem sido o principal motivador.
“Lidamos com muitos profissionais que já estavam sem esperança de uma oportunidade de emprego nessa pandemia e, quando recebem nossa ligação com o retorno positivo para a contratação, ficam tão agradecidos e felizes. Isso nos faz perceber que todas as mudanças e adaptações têm valido a pena”, narra emocionada.
R&S digital mais humanizado
E mesmo quem já atuava na versão home office, recrutando de casa, também relata mudanças no cenário. Geni Lourenço, head hunter do GrupoSITI e mãe de três filhas adolescentes, conta como o contexto da Covid-19 humanizou, de certa forma, o R&S digital.
A executiva, que atua há cinco anos no formato home office, explica que antes havia uma preocupação em mostrar um ambiente de trabalho com “cara de escritório”. Durante as entrevistas ou reuniões com os clientes por vídeo, deveria aparecer uma parede branca como pano de fundo e ela não poderia ser interrompida pela família.
“Nesse novo cenário de confinamento familiar, percebemos que mostrar o seu ambiente de ‘home’ e, eventualmente, ser chamada por alguém no meio de uma entrevista ou reunião, passou a ser algo olhado com bons olhos, trazendo um pouco de humanidade, empatia e, de certa forma, até quebrando o gelo”, expõe a executiva.
Situações inusitadas
Aliás, situações inusitadas durante o R&S na quarentena têm ajudado bastante na “quebra do gelo” entre recrutador e profissional. Luciana Calegari, executiva de RH da VAGAS.com, narra uma história pitoresca que passou no isolamento social.
“Durante uma entrevista com um alto executivo, eu estava super concentrada. Em dado momento, entra o meu filho, de 6 anos, gritando ‘Mamãe, mamãe! O Bê [Benício, filho de 2 anos de Luciana] quer fazer cocô!’. Lógico, o executivo deu risada. Eu pedi, então, desculpas, disse que teria de interromper a entrevista e que, logo mais, voltaria a entrar em contato.”
A executiva de RH da VAGAS.com conta que o filho mais velho, Lourenzo, desenvolveu o instinto de cuidar do irmão mais novo durante a quarentena. Portanto, sempre que percebia que Benício, que está em época de desfralde, precisava de uma ajuda, ele chamava os pais.
Após acudir o filho mais novo, Luciana voltou a entrevistar o executivo. A situação gerou uma certa nostalgia no profissional. “Ele comentou comigo que deu saudades dessa época. Afinal os filhos dele já eram adolescentes”, disse. Ela comenta ainda que, sem querer, o fato ajudou a aproximá-la do entrevistado e vice-versa.
Retrato negativo do R&S na quarentena
Mas há também um retrato triste do R&S na quarentena. Pessoas que foram entrevistadas, mas que, no meio do processo, foram acometidas pelo coronavírus.
“É triste quando você entrevista uma pessoa e, no momento que retorna com ela para agendar entrevista no cliente, ela te conta que, infelizmente, terá que declinar do processo, pois está diagnosticado com Covid-19”, relata Geni Lourenço, do GrupoSITI.
Quer saber mais sobre o trabalho de recrutadores durante a pandemia? Leia ainda a reportagem Mães de RH na Quarentena