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A guerra por talentos com habilidades desejadas no mercado segue acirrada. Pessoas com soft e digital skills aprimoradas são os candidatos mais disputados, de acordo com o relatório da consultoria Deloitte. O mercado destaca a escassez de profissionais com essas habilidades e conquistá-los não é uma tarefa fácil.
Nessa batalha, destaca-se a empresa que conseguir cativar melhor seu candidato-alvo. Para tanto, é preciso ir além de um job description bem redigido, a empresa precisa investir na marca empregadora, criando elementos de persuasão. Um componente-chave desse jogo de sedução do marketing de recrutamento é o storryteling, uma narrativa que aproxima os candidatos da organização.
Você deve estar se perguntando: mas o que o storrytelling tem a ver com a minha estratégia de R&S? Continue lendo esse artigo e descubra como narrar uma boa história para seu candidato pode ser o segredo para atrair e reter os melhores. Boa leitura!
O que é storrytelling?
O storrytelling, que em português é traduzido como contar histórias, é um processo comumente adotado em marketing, que usa narrativas mais envolventes para comunicar algo ao público-alvo.
Em um mundo dividido por uma infinidade de coisas, as histórias unem as pessoas. Apesar de distintas línguas, religiões, preferências políticas ou etnias, as histórias conectam os indivíduos tornando-os mais humanos.
No marketing de produto, o storryteling é usado para obter insights sobre os usuários, criar empatia e alcançá-los emocionalmente. Os publicitários criam personas [reais ou não] para representar simbolicamente os usuários-alvo, seus conflitos e soluções. A mensagem por trás dessas histórias é “você poderia ser o protagonista desse conto”, conectando-se assim mais facilmente com o consumidor.
Não muito distante desse conceito, em R&S o recurso pode ser usado para cativar organicamente profissionais que tenham o mesmo fit cultural das organizações, elemento-chave na guerra por talentos.
Por que o uso do storryteling é importante na guerra por talentos?
As histórias são uma espécie de linguagem universal. Todos nós compreendemos e nos conectamos às histórias de herói, do oprimido ou do coração partido. Nos colocamos no lugar do protagonista e processamos as mesmas emoções do personagem – euforia, esperança, desespero e raiva.
O storrytelling ajuda, portanto, a solidificar conceitos abstratos, simplificando mensagens complexas. Todos nós já nos sentimos confusos ao tentar entender uma nova ideia. As histórias fornecem uma maneira de contornar isso e a criar uma espécie de pertencimento à comunidade.
Ainda não está convencido de adotar essa estratégia no seu marketing de recrutamento? Neste caso, pense se não é difícil criar um texto de descrição do cargo que se conecte com o candidato certo. Você já deve ter gastado boas horas de seu trabalho elaborando esse tipo de redação, certo? Seja sincero, se você fosse um candidato, se conectaria de imediato ao chamado? Provavelmente, não.
É aí que entra o storrytelling. Contar a história de sua empresa, de seus colaboradores, é muito mais eficiente e gera uma conexão de imediato, com o candidato certo para a vaga, do que uma escrita descritiva sem qualquer emoção. As histórias unem as pessoas.
Conexão desde a infância com o storryteling
As histórias “preenchem uma profunda necessidade humana de compreender os padrões de vida – não apenas como um exercício intelectual, mas como uma experiência pessoal e emocional”, destaca Robert McKee em sua obra Story: Substance, Structure, Style, and the Principles of Screenwriting, na tradução para o português, História: substância, estrutura, estilo e os princípios do roteiro.
McKee é conhecido como um dos mais respeitados conferencista de escrita criativa do mundo. Seus alunos redigiram roteiros de filmes vencedores de Oscar, como Forrest Gump, Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento e A Cor Púrpura. Em entrevista para o site da Harvard Business Review, o especialista defende que os executivos podem envolver os ouvintes em um nível totalmente novo se eles jogarem seus slides do PowerPoint e aprenderem a contar boas histórias.
Ele explica que temos uma conexão imediata com histórias, pois desde o colo materno somos expostos a elas. “Os psicólogos cognitivos descrevem como a mente humana, em sua tentativa de compreender e lembrar, reúne os pedaços de experiência em uma história, começando com o desejo pessoal (objetivo de vida) e, em seguida, retratando a luta contra as forças que bloqueiam esse desejo.”
E não é assim que um candidato se sente, numa luta heroica e hercúlea para conquistar aquela vaga tão desejada? Mas no meio do caminho há sempre obstáculos que dificultam a façanha. Em outras palavras, contar uma boa história é uma excelente arma na guerra por talentos.
Como contar a história da minha empresa?
Não caia na armadilha mais comum: criar um site, uma espécie de revista CARAS do mundo corporativo, mostrando fotos das pessoas descoladas que trabalham na sua empresa e do ambiente de trabalho, com mesas compartilhadas e sala de jogos.
Essa abordagem pode ter sido muito útil no começo do século até meados de 2018. Contudo, esse estilo de trabalho de startups (ou BigTechs) se disseminou até em grandes empresas, logo ter esse conceito de trabalho não é mais diferencial na guerra por talentos. A sua empresa seria uma entre muitas outras.
Agora que você já sabe o que não deve fazer, prepare-se para bolar uma estratégia vencedora de storrrytelling da sua marca empregadora. O primeiro passo, nessa jornada, é agregam um ou mais das seguintes características a sua história:
- Divertida: mantêm o leitor envolvido e interessado no que está por vir.
- Educacional: desperta a curiosidade e aumenta o banco de conhecimento do leitor.
- Universal: pode ser entendida por todos os leitores e explora emoções e experiências pelas quais a maioria das pessoas passa.
- Organizado: segue uma organização sucinta que ajuda a transmitir a mensagem central e ajuda os leitores a absorvê-la.
- Memorável: seja por inspiração ou humor, boas histórias ficam gravadas na mente do leitor.
Contar uma história não é fácil, especialmente quando é a história da sua marca – uma história de negócios. Neste contexto, o storytelling deve ser intencional, constante e focado.
Quando alguém fica engajado com sua história, ganha interesse na sua marca empregadora, se sentindo conectado de uma forma muito poderosa, criando o desejo de trabalhar para a sua organização.
Mas existem alguns componentes não negociáveis, descritos abaixo, que contribuem para uma ótima experiência de narrativa, tanto para o leitor quanto para o narrador.
Pessoas
Você não terá uma história se não tiver personagens. E seus personagens, não podem ser rasos. O protagonista, personagem principal de seu storytelling, precisa conduzir o expectador às características de sua organização.
Fator surpresa na guerra por talentos
Afinal, por que a sua organização se difere das demais? Esse é o elemento-chave da sua história na luta por talentos. É preciso definir essa característica única de sua empresa e deixar isso bem claro no seu storryteling.
Esse traço do DNA corporativo será o objeto de desejo de candidatos que se conectam ao seu fit cultural.
Aprendizagem e Desenvolvimento
Muitos talentos aspiram por uma rápida ascensão profissional, enquanto outros preferem primeiro um trabalho de mentoria antes de alcançar a liderança. Por isso, você precisa deixar claro na história como sua empresa lida com o crescimento profissional dos colaboradores.
Práticas e rotinas de trabalho
Aqui, você precisa conduzir o candidato ao dia a dia de trabalho da organização. Você deve descrever de forma emocionante algo que geralmente é monótono: processos da empresa.
Valores e propósito
Ao descrever os valores e propósito de sua organização você atrairá ou repelirá candidatos – esse é um ótimo filtro de seleção. Para tanto, responda às seguintes indagações:
- Qual é a raiz dos valores da sua empresa?
- Qual é o significado mais profundo por trás deles?
- E de que forma os candidatos podem vê-los em ação?
Vibe Social
A sua empresa é um lugar divertido para trabalhar? Que tipo de tradição ela tem? Há happy hours toda sexta-feira? As equipes se reúnem anualmente para um encontro de liderança?
Você precisa descrever aqui como sua empresa conecta as pessoas de diferentes áreas por meio de eventos sociais e/ou ambiente de trabalho.
Benefícios e compensação
Por fim, depois de conquistar o candidato por atributos não monetários, explique os benefícios e compensação que sua organização oferece.
Neste quesito, os benefícios devem refletir a cultura organização da corporação. Caso contrário, o candidato terá a sensação de que foi enganado e o fim dessa história será amargo para profissionais e para sua organização.
Agora que você já sabe como conduzir uma boa história de sua organização, veja também como trabalhar elementos da sua marca empregadora no artigo Employer branding: o que é, importância e como investir nele para atrair talentos.