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Transformação cultural nos negócios: o que você precisa saber

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    Vagas For Business

  • 28 de maio 2019 às 12:57
  • 5 min de leitura
pessoas ao redor de mesas falando sobre a transformação cultural em rh e empresas

Empresas que se preocupam apenas com a tecnologia e não dão importância à cultura podem estar com os dias contados

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Em comemoração ao 3º ano do CBN Professional, coluna em formato de podcast da rádio em parceria com a HSM, foi realizado na Sede da Rede Globo em São Paulo um evento com líderes de empresas de diversos segmentos para discutir as principais questões que impactam o futuro das organizações, especialmente quando transformação cultural norteia este momento.

A VAGAS participou do encontro e compartilha em primeira mão os tópicos mais relevantes da discussão entre palestrantes e participantes, que rendeu também a gravação de um podcast que será publicado em breve no canal online da emissora. Entenda

Encontro sobre transformação cultural nos negócios

Thiago Barbosa, gerente de jornalismo da CBN, abriu o encontro mostrando um pouco como a rádio se reinventou em meio à transformação digital e como este novo canal alcança pessoas em diferentes momentos e movimentos, seja trabalhando com um fone no ouvido, fazendo exercício físico ou no trânsito árduo que assola a população paulistana.

Na sequência, foi a vez da dupla José Salibi Neto, cofundador da HSM Educação Corporativa e Sandro Magaldi, cofundador da Escola de Insights meuSucesso.com,  compartilharem suas visões sobre o impacto da transformação digital, que na opinião deles, não deveria ser a maior preocupação das empresas, pois elas precisam imediatamente iniciar uma transformação cultural, que aí sim trará todo suporte e estrutura para as principais mudanças que estão acontecendo no mundo com a chegada de inteligência artificial, big data e machine learning.

Autores do livro “Gestão do Amanhã: tudo o que você precisa saber sobre Gestão, Inovação e Liderança para vencer na 4ª revolução industrial”, começaram contando como se inspiraram para escrever a publicação, que foi lançada no ano passado e já está entre a mais vendida sobre a temática de gestão.

“Decidimos fazer esse projeto porque vemos empresários assistindo a essas informações sobre futuro, inteligência artificial, que o negócio deles vai acabar, todos preocupados, mas sem saber o que fazer”, abriu a palestra Sandro Magaldi. E disseram que se inspiraram no mestre Peter Drucker para desenvolver o projeto: “para predizer o futuro, é preciso rever o passado”.

Os dois pensadores discorreram então para uma série de análises e pesquisas sobre o boom de plataformas de negócios dos últimos anos. “De onde vieram essas empresas como a Uber, o Airbnb, o iFood?” Salibi acredita que tudo começou com o iPod, que criou um novo modelo de negócios, uma plataforma digital, ao aproximar consumidores de música e produtores. Para eles, esse foi o killer up da nova era.

“A partir deste conceito, surgem empresas com o mesmo objetivo, aproximar consumidores e fornecedores em uma plataforma de tecnologia. Buscaram também qual o perfil desses novos líderes do mundo dos negócios, do Google, Apple, Uber e Airbnb.

“Nenhum deles veio de escolas de negócios, são de Belas Artes, Física, Engenharia”, destacou Salibi. Para ele, os cursos de administração, inclusive MBA e pós-graduação, não conseguem responder à velocidade desses eventos disruptivos. “Os professores ficaram obsoletos”, avalia Salibi.

Para Magaldi, a quarta revolução industrial, marcada pela transformação cultural é a “mais profunda, impactante e com mais influência em toda a história da humanidade”. Isso porque, para o executivo, reúne fenômenos de três áreas: física, digital e biológica. “Enquanto discutimos Uber contra Táxi, em Singapura faz mais de dois anos que os táxis são autônomos”.

A Lei de Moore foi mais uma vez lembrada como imprescindível para entender a velocidade das mudanças tecnológicas. Gordon E. Moore foi o criador do circuito integrado, o microprocessador e é fundador da Intel. Segundo sua “profecia”, o número de transistores dobra em um período de 18 meses pelo mesmo custo, o que está sendo provado desde então.

Para Salibi essa é a lei mais importante para entender a velocidade das mudanças tecnológicas. “Quando chego para dar uma aula ou palestra, a primeira coisa que eu pergunto é se todo mundo conhece a Lei de Moore. De 200 pessoas, duas levantam a mão”, destacou.

Os dois mencionaram grandes empresas que foram “evaporadas” por não estarem atentas ao ritmo da lei de Moore: Kodak, Nokia, BlockBuster, que desdenhou a Netflix, o projeto Iridium da Motorola.

“Aparentemente, esses CEOs fizeram tudo certo, mas não imaginavam que esses concorrentes surgiriam de pequenas startups, que viram que seu projeto teria sucesso com a melhoria das conexões wi-fi e velocidade dos chips”.

Para Magaldi, as pessoas não estão preparadas para enxergar essas grandes revoluções que podem quebrar seu negócio. Um exemplo, foi o vice-presidente da Microsoft desacreditando do sucesso de lançamento do iPhone, dizendo que seria inviável um celular com um valor tão alto.

O livro de Salibi e Magaldi discute três grandes eixos: Estratégia, Liderança e Cultura Organizacional. E cada um deles, segundo os palestrantes, seria uma nova palestra. Por isso, apresentaram apenas teasers do conteúdo desenvolvido com dicas valiosas sobre a importância da transformação cultural em meio a tudo isso.


Por que transformação cultural e não digital?

Estratégia: não adianta digitalizar uma empresa para estar up to date. É preciso transformar primeiro as pessoas. E para transformar pessoas, precisa obrigatoriamente ter uma cultura fortalecida, autêntica e aderente com a dos  colaboradores. Depois, vem a preocupação em manter o negócio atual (motor 1), gerar autonomia e liberdade criativa e, paralelamente, olhar para fora e criar um negócio que possa elevar o seu próprio (motor 2), antes que a concorrência o derrube.

O Google já criou a “Google X”, uma empresa fora das dependências do gigante, com uma equipe altamente qualificada, cuja missão é… derrubar o Google.

“Quando a empresa estiver com o “motor 2” funcionando, aí ela faz a ponte de sua plataforma de negócios, sem onerar seu funcionamento.

Uma plataforma de negócios é como se organizam negócios entre consumidores e produtores. O seu principal ativo não são os produtos, mas informações e interações. A exemplo do Airbnb, Amazon e Uber.

Liderança: Salibi e Magaldi fizeram duras críticas às escolas de negócios e acreditam que é preciso rever totalmente seus modelos. “Não é possível alguém pesquisar um tema por dois anos ou passar um semestre estudando microeconomia. É uma semana e olhar para a frente, estudar o que está acontecendo. Falaram novamente da obsolescência do corpo docente. Como exemplo de inovação, citaram a Singularity University, que a cada seis meses muda sua grade curricular. “No Brasil, seria impossível, porque o MEC não permite uma flexibilidade dessas”, pontuou Salibi.

Cultura organizacional: disseram que o líder da transformação cultural deverá ter oito grandes competências, segundo suas pesquisas. E listaram algumas delas:

  1. Moonshot”, um líder criador do futuro, que cria uma empresa fora da sua, porque sabe que não é possível fazer mudança dentro da própria empresa;
  2. Think BOLD”, pensar bold, grande, muito grande! “Todos esses grandes líderes pensaram de forma bold e ficaram grandes. A Amazon, por exemplo, tinha como missão atender da melhor forma o cliente, e não ser a maior livraria do mundo.
  3. Tomador de risco: “disruptar” seu próprio negócio. “Virou culto no Brasil cortar custos, um exemplo é a Ambev. Hoje é insuficiente, é preciso inovar. A Ambev criou a ZX, cujo objetivo é derrubar a Ambev, criando novos negócios. Um deles já está em ação, o “Zé Delivery”, que utilizando a logística da própria Ambev, pode entregar cervejas e se tornar, inclusive, um negócio mais promissor que a própria fabricação de cerveja.
  4. Fazer as grandes perguntas. Todas as respostas já estão no Google, nas mais diversas plataformas. O que precisamos é saber fazer as perguntas certas. Quando um engenheiro da Kodak inventou a câmera digital em 1972, o presidente da empresa perguntou: mas como nós vamos vender os filmes?

E finalizaram “quanto mais as empresas combinarem esses fatores, maior o índice de sucesso. As transformações dizem respeito às pessoas e não à tecnologia. Se não mudarmos o sistema de pensamento das pessoas e dos líderes das organizações, a transformação digital não acontecerá e as empresas podem quebrar”.

Salibi e Magaldi também falaram sobre este tema no Fórum VAGAS – edição HSM 2017, quando estavam na etapa de finalização do livro. Para conferir a palestra na íntegra, clique aqui.

 

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