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Os processos seletivos exclusivos para candidatos negros já são uma realidade para muitas empresas brasileiras e o debate sobre a importância de medidas assim para que a equidade racial seja um compromisso coletivo tem sido, aos poucos, superado. As vagas exclusivas para negros, no entanto, ainda são cercadas por uma questão: o RH demora mais para conseguir preenchê-las? E quais os fatores que estão ligados a isso?
Etapas das vagas exclusivas para negros
A nova era do recrutamento de candidatos tem a possibilidade de aprimoramento, quer seja pela reavaliação dos processos táticos, quer seja pelas diferentes exigências que cada vaga tem. No caso de processos seletivos destinados a pessoas negras, outro fator pode estar envolvido: o equilíbrio entre as especificidades do cargo e a quantidade e qualidade dos profissionais que estão disponíveis no mercado para preenchê-lo.
A questão não é meramente ocasional. Segundo a CEO da Ubuntu Consultoria, Dayse Rodrigues, o profissional de RH deve olhar com cuidado para a realidade da população negra brasileira que, “de forma majoritária, tem condições econômicas e escolares defasadas, o que pode fazer com que as pessoas não se encaixem nos requisitos para determinados cargos e desenvolvimento de carreira dentro das empresas”.
Do recrutamento à contratação, cabe se munir de informações sobre como o racismo estrutural dificulta a inserção de profissionais negros nas organizações. Não estamos acostumados a ver líderes negros, por exemplo. Como não refletir sobre o fato de que apenas 30% das empresas brasileiras têm uma mulher ou um homem negro nesse tipo de cargo, segundo levantamento do IBGE?
Atenção ao viés inconsciente
Ao se dispor a recrutar novos talentos negros, o primeiro cuidado é que os recrutadores tenham um treinamento específico sobre viés inconsciente, para que as fases de interação com os candidatos sejam livres de preconceitos incorporados no nosso dia a dia e de estereótipos de gênero, classe, idade, raça, orientação sexual.
“Focando especificamente na questão racial, o racismo estrutural molda nosso imaginário social, construindo a imagem de que pessoas negras ‘não combinam’ com cargos de liderança, por exemplo. Na nossa cultura racista, aprendemos que a pessoa negra sempre está em posição de subalternidade. Quantas vezes executivos negros de terno são confundidos com segurança?”, avalia Dayse. “Portanto, é imprescindível a contratação de treinamento interno para desconstruir o racismo que existe em cada um e formar um time antirracista.”
Para a CEO da CKZ Diversidade Cris Kerr, ser antirracista também passa por uma reavaliação pessoal. “O primeiro ponto é a gente questionar com quantas pessoas negras estudamos, quantas temos no nosso círculo de amizade. Precisamos identificar onde estão essas pessoas, pois se a empresa é composta por pessoas brancas é sinal de que, na maioria das vezes, o círculo de amizade ficou limitado”.
Ao mesmo tempo, é consultando as ferramentas certas para um processo seletivo eficiente que conseguimos, na prática, garantir etapas mais fluidas e organizadas em seleções com perfis exclusivos.
Conte com apoio de uma consultoria
Uma visão de fora e, ao mesmo tempo, imersa na questão racial pode ser aliada na redução do tempo de preenchimento da vaga. Por isso, consultorias especializadas em diversidade são opções para as organizações que planejaram um processo seletivo com vagas exclusivas para negros, mas não querem tocar tudo sozinhas.
Preencher vagas exclusivas para negros requer tempo e responsabilidade
Recrutar pessoas negras requer um olhar mais amplo. Se negros e negras enfrentam mais dificuldades ao entrar no mercado de trabalho e na progressão de carreiras, é com essa visão que os profissionais de RH devem trabalhar nos processos de contratação.
Na avaliação de Dayse, essa perspectiva mais acurada para a diversidade e a inclusão significa uma mudança organizacional. “E toda mudança requer tempo, cuidado e responsabilidade. Implementar diversidade é mudar cultura organizacional, e isso não acontece rapidamente”, explica a consultora.
Em contrapartida, empresas mais diversas se tornam mais lucrativas e competitivas, mantendo funcionários mais engajados e colaborativos. “Sem contar a mudança para maior senso de pertencimento, mais criatividade e inovação, atração e retenção de talentos e o mais importante deles, justiça social”.