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Geração Z brasileira busca estabilidade: o desafio do RH é oferecer a carreira formal sob medida

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    Vagas For Business

  • 27 de out 2025 às 16:21
  • 3 min de leitura

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A força de trabalho está em constante transformação, e a Geração Z é o catalisador mais recente dessa mudança. Para os profissionais de recursos humanos, compreender essa geração vai além dos estereótipos superficiais de redes sociais e busca por influência. É fundamental mergulhar na realidade da maior parte desses jovens, especialmente no Brasil, onde a estabilidade e a ascensão social guiam suas escolhas de carreira. Uma pesquisa recente aponta um cenário que desafia a narrativa comum: a esmagadora maioria da Geração Z não aspira a ser influencer, mas sim construir uma carreira formal e sólida. Sua empresa está preparada para suprir essa necessidade de estabilidade e crescimento acelerado?

Conheça Lucas e Ana

Lucas Flex Silva tem 23 anos. Ele representa o clichê frequentemente associado à Geração Z: largou a faculdade tradicional por “falta de fit”, trabalha de pijama, e muda de emprego a cada seis meses porque “o job não oferece propósito”. Seu tempo livre é dedicado a tentar monetizar um canal no TikTok, sonhando com o estrelato de influencer.

Ana Carolina Estável tem 21 anos. Moradora da Zona Leste de São Paulo, é a primeira de sua família a ingressar no ensino superior, estudando Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Seu objetivo é o oposto do estrelismo: ela almeja um emprego com carteira assinada, quer crescer na empresa e contribuir de forma sólida com a renda familiar.

Se você apostou em Lucas como o autêntico jovem da Geração Z, a pesquisa do Instituto Proa, focada em escolas públicas e periferias, aponta o contrário. Ana Carolina é a verdadeira face da Geração Z no Brasil, uma população de 47 milhões de pessoas. O dado é revelador: 75% dos jovens entrevistados desejam construir uma carreira e crescer dentro de uma empresa. Para as classes C, D e E, a carreira formal é o caminho mais seguro para a ascensão social, e a estabilidade e dignidade são prioridades muito maiores do que as telas do TikTok.

Essa geração busca um pacote de trabalho completo. Eles veem a remuneração competitiva (50,7%) e a flexibilidade (56,2%) caminhando juntas como inegociáveis. O alto custo de vida e o fato de serem a “Geração do Aluguel” tornam o fator financeiro crucial. Para eles, buscar propósito não significa aceitar um slogan vazio, mas exigir transparência e coerência da organização.

A alta rotatividade, onde 58% aceitam empregos sem planejar permanecer por muito tempo, não é um sinal de descomprometimento. É uma tática pragmática para adquirir experiência rapidamente e, principalmente, fugir de ambientes de trabalho tóxicos ou mal remunerados. O problema não é a recusa em trabalhar; é a recusa em trabalhar sem sentido ou de forma exploradora.

Pressa?
A Geração Z tem pressa, sim, mas não para ficar rica da noite para o dia. Sua urgência é por aprender e crescer rapidamente, pois sabe que o salário fará diferença no orçamento familiar. Eles buscam empresas que ofereçam oportunidades de desenvolvimento (34%) e mentoria (34%), com caminhos de promoção claros e transparentes.
Saúde emocional
Ana Carolina usa o Instagram, mas seu sonho não é o estrelato. Sua prioridade é a estabilidade de um emprego CLT, com bom salário e, crucialmente, benefícios focados em saúde mental (41,6%). Eles se recusam a repetir o ciclo de esgotamento visto nas gerações anteriores de suas famílias, priorizando o bem-estar.
Desafio: diálogo e burocracia
A Geração Z está disposta a trabalhar duro, mas exigirá flexibilidade e diálogo contínuo de seus gestores. Se o ambiente de trabalho for lento, excessivamente burocrático e impedir o crescimento, ela não hesitará em buscar novas oportunidades. Não é descomprometimento, mas sim a recusa em desperdiçar tempo em algo ineficiente.
RHs: Culpa da gestão ou da geração?

Se 68% do mercado de trabalho relata dificuldades em lidar com a Geração Z, a provocação é direta: o problema está realmente na geração ou no modelo de trabalho? É cômodo rotular o jovem como “fraco” ou “imediatista” para justificar a alta rotatividade. Contudo, ao observar a Ana Estável, percebemos uma força de trabalho altamente pragmática e crítica. Sua urgência é um reflexo do senso de eficiência e do repúdio a burocracias. Sua prioridade em saúde mental é a recusa em repetir o ciclo de esgotamento.

Ajuste estratégico necessário

A Geração Z já representa um quarto da força de trabalho. Ignorar a sua diversidade e suas necessidades reais, tratando-os como um grupo homogêneo de “Lucas Flex”, é um erro estratégico. O desafio para os líderes não é tentar encaixá-los em modelos de trabalho de 30 anos atrás, mas sim adaptar a cultura corporativa para oferecer o que a maioria, como Ana Carolina, realmente quer: estabilidade financeira, oportunidade de crescimento acelerado e um trabalho que não sacrifique sua saúde mental.

Equipe Vagas.com

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